As manifestações populares, motivadas pelo aumento do preço da tarifa do transporte público em algumas cidades brasileiras, têm potencial para impulsionar o setor de ônibus no médio prazo. A opinião é de José Antônio Martins, membro do conselho de administração da Marcopolo e presidente da Fabus, associação dos fabricantes de carrocerias. Ele participou da Transpúblico, feira promovida pela NTU, associação das empresas de transportes urbanos, que abriu as portas na quarta-feira, 3, em São Paulo, e segue até sexta-feira, 5 de julho. “Ainda não sabemos como isso vai acabar, mas os movimentos têm o grande mérito de fazer as autoridades buscarem soluções. Isso tudo fará governo ser ágil em tocar o plano de mobilidade”, avalia.
Para o executivo, a urgência em atender a demanda da população por melhoria da mobilidade urbana favorecerá o setor. “O trem é mais eficaz, mas tem implementação lenta e cara. O ônibus é rápido e mais barato.” Ele lembra que há uma série de investimentos aprovados para melhorar o transporte coletivo que ainda não geraram resultados. Por enquanto, não saiu do papel o aporte de R$ 32 bilhões para o PAC 2 Mobilidade Grandes Cidades, com foco em municípios com mais de 700 mil habitantes. Há ainda R$ 7 bilhões prometidos para cidades médias, com populações de 250 mil a 700 mil habitantes.
BAIXA PRODUTIVIDADE
Martins enfatiza que, sem investimentos para aumentar a produtividade dos ônibus urbanos, o negócio permanecerá pouco rentável para o empresário e insatisfatório para a população. Ele calcula que a frota nacional de veículos teve salto de 107% entre 2005 e 2012, para mais de 70 milhões de unidades. O crescimento agravou os problemas de circulação e dificultou o transporte de passageiros. Com isso, as companhias do setor pressionam as autoridades por aumento do valor da passagem para manter a rentabilidade.
O executivo acredita que esse ciclo só será interrompido com a garantia de um transporte eficiente. “Houve mudança rápida nos últimos anos. Em certas linhas é necessário o dobro do tempo para levar o mesmo número de passageiros. Temos de batalhar por uma boa mobilidade, com ônibus circulando com velocidade média de 27 km/h.” Segundo ele, em uma cidade como São Paulo, é difícil até que os coletivos alcancem ritmo médio de 9 km/h em alguns trechos e horários.
Martins avalia ainda que o alto volume de passagens gratuitas também atrapalha o negócio para os frotistas do transporte coletivo urbano. Segundo o executivo, 35% dos passageiros não pagam a tarifa, porcentual que inclui estudantes, pessoas com idade superior a 60 anos, deficientes físicos e militares. “O problema não é oferecer o transporte gratuito, mas passar essa responsabilidade ao empresário. No caso dos estudantes, por exemplo, o custo deveria ser arcado pelo Ministério da Educação”, defende.
Na visão do dirigente, o setor deveria receber mais incentivos e desonerações, que viriam desde a cadeia produtiva até o empresário do transporte urbano ou rodoviário. Segundo a Fabus, há 850 mil ônibus em circulação no País. O segmento gera 6 milhões de empregos entre produção e operação dos veículos.
Fonte: Automotive Business
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